quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Multidões inteligentes e transformação do mundo

Esquecidas na era industrial, mas renascidas com a internet, as redes sociais desafiam a fusão entre o poder e o saber, permitem que colaboração e generosidade sejam lógicas naturais e podem fazer da emancipação um ato quotidiano

Por Dalton Martins e Hernani Dimantas

Ao preparar essa coluna, navegando através das redes, encontramos algo que permite ilustrar alguns dos conceitos que estamos construindo em
conjunto e "presenciar" esse estar em rede. Antes de iniciarmos nossa conversa, vamos dar uma olhada nesse vídeo sobre redes sociais. (http://dotsub.com/films/socialnetworking_1/index.php?autostart=true&language_setting=br_962)
A sociedade sempre funcionou em rede. Aliás, sociedade e rede são conceitos indissociáveis. Os seres humanos vêm se organizando em redes colaborativas desde o começo dos tempos. Há muito que tal tipo de organização permite que sejamos capazes de transformar o mundo ao nosso redor, criando conhecimento e cultura de maneira coletiva. Não há sociedade, se não houver redes: de amigos, famílias, primos e primas. Conectados por um algum fator que combina os anseios, interesses e desejos das pessoas. Redes não são novidades. A era industrial, sob o domínio da comunicação de massas, deixou a rede escondida. Em segundo plano. Mas, a internet tem nos levado a reviver a idéia. O sistema torna-se mais abrangente. As redes de amigos cresceram. Hoje em dia, com o advento e popularização da Internet, novas redes colaborativas, voltadas para a produção criativa, têm surgido com incrível velocidade, criando bens coletivos de valor inestimável. A rede dos hackers, um dos exemplos mais evidentes, produz, todos os dias, inovações técnológicas que prometem revolucionar a economia dominante do mercado de software. São os chamados softwares livres, que podem ser instalados gratuitamente no seu computador, permitindo que você realize uma gama enorme de atividades, desde conectar a sua câmera digital até editar e mixar uma música. Mas o mais importante é que estes softwares são bens criativos compartilhados nessas redes, que podem ser estudados e melhorados por todos. A produção coletiva e descentralizada de bens criativos não se aplica somente ao software. Já começam a aparecer reflexos dessa nova forma de produção em diversas áreas do conhecimento. Um ótimo exemplo é a WikiPedia, uma enciclopédia construída coletivamente na web. O software livre é o caso mais conhecido e mais impactante de uma nova dinâmica que demonstra a produção de conhecimento livre como alternativa economicamente viável e sustentável. Poder e saber são antagônicos. Saber exige liberdade, e despreza a autoridade sobre outros Pretendemos discutir o surgimento das novas redes, o papel da internet e da tecnologia digital como catalisadores de multiplicação, e os impactos sociais, culturais e econômicos deste novo meio de produção criativa. Poder e saber têm significados antagônicos. Entretanto, a sutileza do destino aproximou conceitos tão dispares. Precisamos contextualizar essa dicotomia e pensar no fato de que ainda não começamos a pensar. Pois a equação poder e saber está desbalanceada numa entropia negativa. O saber só existe quando está livre para voar. O conhecimento livre pressupõe o desatrelamento do poder. No entanto, a idéia de redes do conhecimento está sendo aplicada de forma esquemática nos projetos de inclusão digital. A tirania do conhecimento formal vem avassalar a periferia. Pois estamos falando de formas diferentes de conhecimento. O que é bom para o centro pode ser descartável para a periferia. E vice versa. As redes do conhecimento acadêmico não fazem sentido, porque não aglutinam as pessoas aos interesses comuns. A rede indica um futuro libertador. A web só faz sentido quando um se preocupa com o outro. Numa circulação generalizada e libertadora de fluxos de informações e das ondas econômicas. A web é um mundo que nós criamos para todos nós. Só pode ser compreendido dentro de uma teia de idéias que inclua os pensamentos que fundamentam a nossa cultura, com o espírito humano persistindo em todos os nós. Tal compromisso entre humanos, tal generosidade altruísta não está desenvolvida no centro. Muito mais que conhecimento formal, as redes articulam convívio, solidariedade, mobilização Esse conhecimento está impregnado nos mutirões. No efeito puxadinho colaborativo. É só chegar para ajudar o ser humano ser mais feliz. Uma mobilização que vai além da boa ação. É cotidiana e despretensiosa. Howard Rheingold, autor do livro ’Smart Mobs’ diz que o potencial transformador mais profundo de conectar as inclinações humano-sociais à eficiência de tecnologias da informação é a possibilidade de fazer coisas novas juntamente, o potencial para cooperar numa escala e de maneiras nunca antes possíveis. E mais: multidões inteligentes (smart mobs) emergem quando a comunicação e as tecnologias da computação amplificam o talento humano para cooperação. As redes da mobilização englobam a rede do conhecimento. São mais factíveis, reais, e com resultados rápidos. A sociedade civil se organiza, compra, vende, troca, aprende e ensina mobilizando as bases para o interesse comum. Desenvolver a comunidade, criar filhos, conviver com amigos, trabalhar e tentar ser feliz. Dizemos que estar em rede não há mais necessidade de operar a mudança social, ela se faz permanente.

Fonte: Le Monde diplomatique Brasil in http://diplo.uol.com.br/2007-10,a1976

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

O Império enxerga seu declínio

Asdivergências no interior do stablishment norte-americano tornam-se agudas, num sinal de que a guerra contra o Iraque pode ter revelado as debilidades do exército e, ainda mais grave, devastado a "legitimidade mundial da América"
Por Philip S. Golub

No centro da elite do poder norte-americano, as conseqüências desastrosas da invasão e ocupação do Iraque provocaram uma crise ainda mais profunda do que a desencadeada pela derrota no Vietnã, há 30 anos. Para cúmulo da ironia, essa crise afeta a coalizão de ultra-nacionalistas e neoconservadores que se formou nos anos 70, exatamente para tentar pôr fim à “síndrome do Vietnã”, restaurar o poder norte-americano e fazer reviver o “anseio de vitória” dos Estados Unidos.
Se ainda não houve protestos em massa populares e organizados, como durante a guerra do Vietnã, é, sem dúvida, em razão de o exército ser composto principalmente de voluntários egressos dos meios sociais mais pobres; bem como pelo fato de essa guerra ser financiada "mal-e-mal" pelos capitais estrangeiros (por quanto tempo mais?). Mas, entre a “elite”, a crise rompeu o establishment de segurança nacional que governa o país desde a Segunda Guerra Mundial.
O desacordo expresso publicamente, por meia dúzia de generais da reserva, acerca da condução da guerra [1] — um fato sem precedentes —, veio se juntar à manifestação recorrente de dissenso entre as agências de informação e o Departamento de Estado, desde 2003. Isso denota uma tendência mais profunda, que atinge importantes setores da elite e as principais instituições do Estado. Mas poucos criticos da guerra são tão diretos quanto o general da reserva William Odom. Ele repete incansavelmente que a invasão do Iraque representa o “mais importante desastre estratégico da história dos Estados Unidos” [2]. Ou quanto o coronel Larry Wilkerson, ex-chefe do estado-maior de Colin Powell, que denuncia um “erro de dimensão histórica” e pede a destituição do chefe de Estado [3]. Ou ainda o ex-diretor do Conselho Nacional de Segurança, Zbigniew Brzezinski, que qualificou a Guerra no Iraque e a ocupação do país de “calamidade histórica, estratégica e moral” [4].

"Bando incompetente, arrogante e corrupto" (um oficial de alta patente, sobre o governo Bush)

Em sua maioria, as críticas da elite feitas publicamente não vão tão longe. Em geral, dirigem-se ao modo como a guerra e a ocupação tiveram início, mais do que à questão fundamental da invasão em si. Mas isso não muda o fato de que a discórdia é profunda e generalizada, com diferentes secretários [ministros] do governo rejeitando o erro e se acusando mutuamente de serem os responsáveis pela “perda do Iraque” [5]. Em privado, antigos dirigentes de alto escalão entregam-se a acessos de raiva impotente, denunciam “cabalas” sombrias e vituperam contra a Casa Branca. Sem a menor ironia, um ex-oficial do Conselho de Segurança Nacional compara os atuais ocupantes da instituição com “a família Corleone”, imortalizada no filme O Poderoso Chefão. “Por conta de um bando incompetente, arrogante e corrupto”, diz outro oficial de alta patente, “estamos perdendo nossa posição dominante no Oriente Médio”. Veterano do Vietnã, um senador republicano afirma: “A Casa Branca quebrou o exército e ultrajou sua honra”.
Nenhum desses críticos institucionais poderia ser de algum modo considerado “santo”: sejam quais forem suas afiliações políticas ou opiniões pessoais, eles foram, ou ainda são, guardiães do poder, gestores do Estado de segurança nacional. Foram, por vezes, atores de intervenções imperialistas abertas ou clandestinas, empreendidas no “Terceiro Mundo” durante e depois da guerra Fria. Foram (ou ainda são) “gestores de sistema” do aparelho burocrático de segurança nacional, que o sociólogo C. Wright Mills foi o primeiro a dissecar e cuja função é produzir e reproduzir o poder.
Conseqüentemente, não podemos distinguir tais “realistas”, enquanto grupo social, do objeto de suas críticas, no que diz respeito à disposição em empregar a força ou ao caráter implacável com que, a história está de prova, perseguiram os objetivos do Estado. A causa de seu descontentamento não pode ser atribuída a convicções divergentes em matéria de ética, normas e valores (ainda que tais diferenças possam motivar alguns indivíduos). A discordância é resultado de uma constatação fria, racional, de que a guerra no Iraque deixou “o exército norte-americano quase arruinado” [6] e comprometeu seriamente, até mesmo de maneira irreparável, “a legitimidade mundial da América” [7] — isto é, sua capacidade de moldar as preferências mundiais e de definir a ordem do dia no planeta. Em suas expressões mais sofisticadas, como no caso de Brzezinski, essa divergência traduz a compreensão do fato de que o poderio não se limita ao poder de coerção e que a legitimidade hegemônica, uma vez perdida, é difícil de ser restabelecida.

Américas, Ásia, Europa, Oriente Médio... Em toda parte, sinais de uma hegemonia em crise

Os sinais de queda da hegemonia norte-americana são visíveis em todos os lugares: na América Latina, onde a influência dos Estados Unidos é a mais baixa em décadas; no leste asiático,
onde Washington, de má vontade, teve de negociar com a Coréia do Norte e reconhecer na China um ator indispensável à segurança regional; na Europa, onde o projeto de instalar baterias antimísseis é contestado pela Alemanha e outros países da União Européia; no Golfo Pérsico, onde os aliados de longa data, como a Arábia Saudita, perseguem objetivos regionais autônomos que, somente em parte, coincidem com os dos Estados Unidos; no seio das instituições internacionais, seja a ONU, seja o Banco Mundial (cujo presidente, o norte-americano Paul Wolfowitz, envolvido em um esquema de nepotismo, teve de entregar o cargo, em 30 de junho), onde Washington não tem mais condições de determinar a ordem do dia.
Ao mesmo tempo, as pesquisas de opinião internacionais, realizadas regularmente pelo PEW Research Center de Washington [8], apontam uma atitude sistemática de desafio à política externa norte-americana em nível quase mundial e um desgaste do “soft power”, o fascínio exercido pelos Estados Unidos no mundo. O “sonho norte-americano” afundou, diante da imagem de um leviatã militar que exibe apenas desprezo pela opinião pública internacional e viola as regras que os próprios Estados Unidos instituíram [9]. A opinião mundial pode não pôr fim às guerras, mas pesa de forma mais sutil nas relações internacionais.
Limitar, em parte, esse desgaste seria talvez possível sob a condução de outros dirigentes e em circunstâncias totalmente novas. É, no entanto, difícil imaginar como um novo consenso interno poderia ser restabelecido no curto prazo. Foram necessários muitos anos para reconstruir o exército, após submetê-lo a duras provas na Guerra do Vietnã, bem como repensar as doutrinas e definir um novo consenso das elites, quando não popular, sobre o uso da força. Depois do Iraque, não será fácil mobilizar o sentimento nacionalista para empreender novas aventuras no exterior. Da mesma forma, não se pode esperar um retorno ao status quo anterior da política mundial.

Em xeque, idéias sobre o papel internacional dos EUA que animaram o país desde os anos 1940

A invasão e a ocupação do Iraque não são as únicas causas das tendências mundiais
evocadas acima. A guerra somente acentuou um momento em que forças centrífugas maiores já estavam em ação: o desgaste e o posterior desmoronamento do “Consenso de Washington” e o aumento da influência de novos centros gravitacionais econômicos — sobretudo na Ásia —, já bem estabelecidos quando George W. Bush tomou a decisão calamitosa de invadir o Iraque. A história avança, enquanto os Estados Unidos permanecem atolados em um conflito que absorve todas as energias do país.
Aos olhos das elites no poder, essa configuração é profundamente preocupante. Desde a metade do século 20, os dirigentes norte-americanos passaram a achar que tinham a responsabilidade histórica singular de dirigir e governar o sistema internacional. Ocupando o topo do mundo desde a década de 1940, eles partiam do princípio que, a exemplo da Grã-Bretanha no século 19, os Estados Unidos estavam destinados a agir como hegemon — Estado dominante detentor da vontade e dos meios de estabelecer e manter a ordem internacional, bem como de assegurar a paz e uma economia mundial liberal aberta e em expansão. Na interpretação seletiva que fizeram da história, foi a incapacidade da Grã-Bretanha de manter esse papel, e a reticência simultânea dos Estados Unidos em assumir sua responsabilidade (o “isolacionismo”), que propiciaram o ciclo guerra mundial-depressão-guerra mundial, durante a primeira metade do século 20.
Essa hipótese, profundamente arraigada nas mentes, tem por corolário um argumento circular: uma vez que a ordem requer um centro dominante, manter tal ordem (ou evitar o caos) requer perpetuar a hegemonia. Esse sistema de pensamento, que os pesquisadores norte-americanos na década de 70 definiram como “teoria da estabilidade hegemônica”, pauta a política externa dos Estados Unidos desde que o país emergiu da Segunda Guerra Mundial como centro ocidental do sistema mundial.
As elites política e econômica norte-americanas entreviam, desde 1940, uma “grande revolução no equilíbrio do poder”. Washington iria se “tornar o herdeiro universal e administrador do patrimônio econômico e político do Império britânico. O cetro [passaria] para as mãos dos Estados Unidos” [10]. Um ano mais tarde, Henry R. Luce anunciava a chegada do famoso “século norte-americano”. “Esse primeiro século em que a América será uma potência dominante no mundo”, escrevia ele, significava que o povo norte-americano deveria “aceitar sem reserva [seu] dever e [sua] perspectiva de futuro como a nação mais poderosa e vital, e exercer sobre o mundo o pleno impacto de [sua] influência pelos meios que [lhe] parecessem apropriados” [11]. Em meados dos anos 40, os contornos do “século norte-americano” já se desenhavam claramente: predomínio econômico reforçado por uma supremacia estratégica baseada em uma rede planetária de bases militares estendendo-se do Ártico à Cidade do Cabo; do Atlântico ao Pacífico.
Presidindo a construção do Estado de segurança nacional, os dirigentes do pós-guerra estavam tomados — para retomar a expressão do historiador William Appleman Williams — de “visões de onipotência” [12]. Os Estados Unidos beneficiavam-se de enormes vantagens econômicas e de um avanço tecnológico considerável e detiveram por um curto período o monopólio atômico. O impasse coreano (1953) e os programas soviéticos de armas e mísseis nucleares certamente abalaram a confiança dos EUA, mas foram a derrota no Vietnã, e as turbulências sociais que acompanharam a guerra no plano interno, que revelaram os limites do poderio.

Inevitável paralelo com o início do declínio britânico, também marcado por uma guerra desastrosa

O “realismo em uma era de declínio” preconizado por Henry Kissinger e Richard
Nixon, era somente uma forma de admitir, a contragosto, que o tipo de hegemonia global exercido havia mais de 20 anos não poderia durar para sempre. Mas o Vietnã e a era Nixon marcaram uma virada mais paradoxal. Eles prepararam a reação dos anos 80: a “revolução conservadora” e os esforços conjuntos para restabelecer e renovar o Estado de segurança nacional e o poderio mundial norte-americano. Quando a União Soviética desmoronou, alguns anos mais tarde, as ilusões de onipotência ressurgiram. Os triunfalistas conservadores voltaram a sonhar com uma “primazia” internacional de longa duração. O Iraque era uma experiência estratégica, destinada a inaugurar o “segundo século norte-americano”. A experiência deu errado, assim como a política externa estadunidense.
As analogias históricas nunca são perfeitas, mas o exemplo da Grã-Bretanha e da prolongada derrocada do império pode lançar uma luz sobre o momento histórico atual. No crepúsculo do século 19, raros eram os dirigentes britânicos que podiam imaginar seu fim. Quando foi celebrado o Diamond Jubilee da rainha Vitória, em 1897, a Grã-Bretanha estava à frente de um império transoceânico formal, que englobava um quarto dos territórios do mundo e 300 milhões de súditos — ou mais do dobro, se incluirmos a China, colônia virtual de 430 milhões de habitantes. A City londrina era o centro de um império comercial e financeiro ainda mais vasto, cuja teia abarcava o mundo inteiro. Portanto, não é nada surpreendente que uma importante parte da elite britânica pensasse, apesar do receio suscitado pela concorrência manufatureira norte-americana e alemã, que a Grã-Bretanha recebera “como presente do todo-poderoso um arrendamento do universo por toda a eternidade”.
O Jubilee devia ser “o último raio de sol de uma confiança total na capacidade britânica de governar” [13]. A segunda Guerra dos Bôeres (1899-1902) [14], empreendida na África do Sul para preservar a rota das Índias e reforçar o “elo mais fraco da corrente imperial”, foi um enorme desperdício humano e financeiro. Além disso, ela revelou as atrocidades da política da terra arrasada, a uma opinião pública inglesa cada vez menos dócil. “A guerra sul-africana foi, para a potência imperial britânica, a provação mais importante desde a Rebelião Indiana, e a guerra mais vasta e mais onerosa empreendida pela Grã-Bretanha entre a derrota de Napoleão e a Primeira Guerra Mundial” [15].
Apenas doze anos depois, teve início a Primeira Guerra Mundial, levando os seus protagonistas europeus à derrocada e ao esgotamento. O longo fim da era britânica havia começado. Mas o Império não somente resistiu à crise imediata como perdurou por décadas, ultrapassando a Segunda Guerra Mundial, antes de ver um fim sem glória, pela mão dos norte-americanos, em Suez, em 1956. No entanto, um século mais tarde, a nostalgia da grandeza persiste, como vemos nas desventuras mesopotâmicas do primeiro-ministro Tony Blair. Os últimos resquícios imperiais ainda não foram extintos.
Para a elite no poder dos Estados Unidos, manter-se no topo do mundo há mais de meio século é considerado um fato natural. A hegemonia, como o ar que respiramos, tornou-se um modo de ser, um estilo de vida, um estado de espírito. Os críticos institucionais “realistas” são, certamente, mais prudentes do que aqueles a quem criticam. Mas eles não dispõem, ainda, de um quadro conceitual onde as relações internacionais sejam baseadas em outra coisa que não a força, o confronto ou a predominância estratégica.
A crise atual e o impacto crescente dos problemas mundiais, sem solução no âmbito nacional, originarão, talvez, novos impulsos em matéria de cooperação e interdependência. Em todo caso, é preciso esperar. Mas é provável que a política norte-americana permaneça imprevisível: como mostram todas as experiências pós-coloniais, desfazer um império pode ser uma processo longo e traumático.
[1] Ver “Retired Generals Speak Out to Oppose Rumsfeld”, The Wall Street Journal, 14 abr. 2006.
[2] Associated Press, 5 out. 2005. O general Odom estava à frente da National Security Agency (NSA) na gestão de Ronald Reagan.
[3] Citado em “Breaking Ranks”, The Washington Post, 19 jan. 2006.
[4] Declaração diante da Comissão de Relações Exteriores do Senado, 1 fev. 2007.
[5] O ex-diretor da CIA George Tenet, em seu livro At the Center of the Storm, responsabiliza a Casa Branca pelos erros estratégicos cometidos no Iraque e afirma que nunca houve um “debate sério” sobre a questão de saber se esse país representava uma ameaça iminente ou se não seria melhor simplesmente reforçar as sanções e descartar a guerra. Trata-se do último desentendimento público opondo a CIA à Casa Branca desde, pelo menos, 2003.
[6] Para citar o ex-secretário de Estado Colin Powell durante o programa televisivo “Face the Nation”, na CBS, em 17 dez. 2006.
[7] Zbigniew Brzezinski, declaração diante da Comissão de Relações Exteriores do Senado, 1º de fevereiro 2007.
[8] Ver: The Pew Research Center for the People and the Press.
[9] Ver: PEW Global Attitudes Project
[10] Discurso do presidente do conselho da National Industrial Conference no congresso anual da Investment Bankers Association, 10 dez. 1940. Citado em James J. Martin, Revisionist Viewpoints, Ralph Myles Publisher, Colorado Springs, 1971.
[11] Henry R. Luce, “The American Century”, Life Magazine, 1941, artigo reeditado no Diplomatic History, primavera 1999, vol. 23, n. 2.
[12] William Appleman Williams, The Tragedy of American Diplomacy. Nova York: Delta Books, 1962.
[13] Citado em Elisabeth Monroe, Britain’s Moment in the Middle East, 1914-1956. Londres: Chatto & Windus, 1963.
[14] Tanto o segundo quanto o primeiro conflito (1880-1881) opunham os britânicos e os colonos de origem neozelandesa (bôeres).
[15] C. Saunders e I. R. Smith, “Southern Africa, 1795-1901”, in The Oxford History of the British Empire, vol. , The Nineteenth Century.

Fonte: Le Monde diplomatique Brasil in http://diplo.uol.com.br/2007-10,a1936

sábado, 13 de outubro de 2007

Milton Santos

"Opor à crença de que se é pequeno, diante da enormidade do processo globalitário, a certeza de que podemos produzir as idéias que permitem mudar o mundo"

Iraq War

Sob o lema da Democracia
reina a hipocrisia;
Bomba, morte, caos
na busca pela mais valia.

Defesa da Democracia?
Santo ouro negro!
Bomba, morte, caos
são a sina da supremacia.


Por Paulo T. Matiuzzi

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Propósito do blog e Capitalismo Beneficiente

"Percebo que seu blog é destinado sobretudo a criticas explícitas ao capitalismo. Sou totalmente contra qualquer imperialismo velado. Contudo, tento tomar cuidado para não parecer hipócrita e utópica. Sou capitalista, uso Adidas, Nike, Forum (mas não Coca Cola..rs) e de fato contribuo para que essa máquinária evolua, porém tenho um discurso ,por vezes, socialista e ou esquerdista. No mínimo paradoxal, não é...?ao mesmo tempo que falo que uma boa leitura é essencial, fico horas (qdo eu tinha tempo) consumindo cultura de massa..." Por Dani Braga

Sobre o Capitalismo: minha opinião não foge muito diante da sua. Afinal, não é possível fugir dele (em muitos pontos é excelente - falo dos benefícios decorrentes desse sistema), só que ele poderia ser menos cruel... Bem que ele poderia se aplicar um pouco mais ao homem e não somente ao cash, a mais valia global (motor único da história do Capitalismo). Seria lindo!
Por Paulo T. Matiuzzi

Capitalismo Beneficiente
Por Stephen Kanitz em 27 de maio de 1998

"Para o bem ou para o mal, tudo indica que o capitalismo está lentamente vencendo a sua longa luta contra o comunismo e o socialismo. Não que o capitalismo seja superior, mas parece que seus defeitos são menores. Antes que se pule de alegria é bom lembrar que não se venceu a luta contra a miséria e as injustiças sociais, os grandes objetivos do socialismo. Muito pelo contrário. As 500 maiores empresas brasileiras gastam anualmente 2,8 bilhões de dólares em segurança patrimonial e 18 milhões de dólares por mês em filantropia. Algo está muito errado nesta proporção..." "Precisamos achar meios para aprimorar o capitalismo em vez de passarmos por uma revolução para substituí-lo. Mas como? De que forma? O capitalismo se provou muito competente para produzir bens e serviços que os consumidores querem. Se houver um desejo insatisfeito no mercado, algum empreendedor irá se mexer para provê-lo. O que o capitalismo não sabe fazer ainda é produzir bens e serviços de que as pessoas precisam. Não há segredo em vender frangos barato entupindo-os de hormônios ou morangos saborosos, com agrotóxicos. A indústria automobilística colocou airbags nos carros por determinação do governo americano, porque há dez anos atrás o consumidor não queria.As TVs e os anunciantes se digladiam para mostrar o grotesco e o pornográfico, assuntos que o povo quer mas de que não necessariamente precisa." "Tornar o capitalismo mais responsável já não parece uma tarefa impossível e existem vários grupos agindo neste sentido sem ter que passar pelo traumático processo de derrubar o sistema vigente."

CHÁVEZ X bush

Charge que expressa o ato "ANTI-IMPERIALISTA" do presidente venezuelano, Hugo Chávez, o qual faz criticas ao governo norte-americano, representado por George W. Bush. (Bush filho)

Dica: Assistam ao documentário "A Revolução não será Televisionada". De Kim Bartley e Donnacha O'Briain.

O populismo de Chávez, os ataques da imprensa , tentativa de golpe em 92 e as acusações do bolivariano aos Estados Unidos.

YOUTUBE: O documentário foi postado por Luiza Zenha, em 10 partes.

1- http://www.youtube.com/watch?v=aQu8ic0WRXo&mode=related&search=Venezuela%20Chavez%20Revolu%C3%A7%C3%A3o%20Televisionada

2 - http://www.youtube.com/watch?v=ipXdMqtuVSc&mode=related&search=Venezuela%20Chavez%20Revolu%C3%A7%C3%A3o%20Televisionada

3 - http://www.youtube.com/watch?v=ORTLZVxspCI&mode=related&search=Venezuela%20Chavez%20Revolu%C3%A7%C3%A3o%20Televisionada

4 - http://www.youtube.com/watch?v=AZ6AbcB4SpY&mode=related&search=Venezuela%20Chavez%20Revolu%C3%A7%C3%A3o%20Televisionada

5 - http://www.youtube.com/watch?v=sUljGmAkMAk&mode=related&search=Venezuela%20Chavez%20Revolu%C3%A7%C3%A3o%20Televisionada

6 - http://www.youtube.com/watch?v=7n3SamkYq8U&mode=related&search=Venezuela%20Chavez%20Revolu%C3%A7%C3%A3o%20Televisionada

7 - http://www.youtube.com/watch?v=633OBY09e9Y&mode=related&search=Venezuela%20Chavez%20Revolu%C3%A7%C3%A3o%20Televisionada

8 -http://www.youtube.com/watch?v=OgcxfFeBowk&mode=related&search=Venezuela%20Chavez%20Revolu%C3%A7%C3%A3o%20Televisionada

9 - http://www.youtube.com/watch?v=k5M2Fc1jiFs&mode=related&search=Venezuela%20Chavez%20Revolu%C3%A7%C3%A3o%20Televisionada

10 - http://www.youtube.com/watch?v=CiD8oHCffiE&mode=related&search=Venezuela%20Chavez%20Revolu%C3%A7%C3%A3o%20Televisionada

Socialismo ao Avesso

Boa parte da sociedade prega, hoje em dia, o lema da igualdade. São estudantes iniciantes, geralmente da área das humanidades, tais como: história, geografia, letras, filosofia, psicologia...que objetivam e pregam a igualdade, o socialismo de Marx. Realmente concordo, é um excelente princípio (assim dizendo), pois mudou a forma de ver o mundo; revolucionários (Engels, Rosseua, Moore, Bakunin, Trotski, Proudhon).Não terei peito, coragem e argumentos (só emoção) para afirmar a real, profunda e árdua vontade de todos. Todos querem ser no mínimo burgueses, todos lutam para chegar ao ponto mais alto dessa vertente. Em tal vertente somos a porção inferior (sem comentários). Já o ápice, a parte ínfima da população mundial, ostenta o que queremos, nossa utopia. Casas e carros luxuosos, viagens ao redor do globo terrestre, compras mágicas e fantásticas; entre outros, os quais serão atraídos, através de um imenso campo magnético. Um feio exemplo: mulheres bonitas (e/ou vadias) em busca de ascensão rápida e suja objetivando bens materiais. Você será o imã e os demais...meros metais. Ah! Assustado? Não busca melhores condições? Lógico que busca. Estudamos com intuito, em um mundo cada vez mais complexo, de obtermos um emprego melhor, condições dignas (mais que isso), para nossas famílias. A idéia de socialismo torna-se casa vez mais longínqua. Uma vez em que se experimenta o Capitalismo, não se quer mais outro sistema político e econômico (Será?).Falamos mal do chefe, mas queremos ser igual ou superior a ele (financeiramente). Falo de uma nova realidade obscura e individualista. Os atuais donos do poder (os quais eu e você queremos) sabem disso, sabem que queremos usurpar e os derrubar, sabem que queremos inverter a situação. É a história da luta de classe, que o senhor Marx falava. É a verdade metamorfizada.Tudo o que disse é duro e difícil de acreditar (é o que penso). É a verdade, mais uma vez, que tende a piorar o mundo e as relações humanas (animais?). Quando meu tom critico, aliado a raiva cessam, paro e penso: ”que texto é este?”. Entretanto, é isso que “nossos inimigos” querem. Almejam que continuemos a ser menos críticos e raivosos. Logo, regrados. E assim não ameaçaremos seus postos. Sejam eles conquistados na garra (esforço e estudo) ou de forma ordinária (decida como! Imagine!).Quando a crise esvair-se pensarei em voltar atrás, porém será tarde. Realmente gostaria da igualdade. Socialismo ao avesso.
Paulo T. Matiuzzi

Fim do século: Pretensões de Conquista Mundial

"Superioridade americana é fenômeno temporário", diz Eric Hobsbawm.