quarta-feira, 12 de março de 2008

Pedagogia da Autonomia: Saberes Necessários à Prática Educativa

A obra intitulada “Pedagogia da Autonomia: Saberes Necessários à Prática Educativa” trata do tema educação, esclarecendo acerca de saberes que são relativos à formação do educando e do educador. Paulo freire apóia e defende uma “Pedagogia que está fundada na ética, no respeito à dignidade e à própria autonomia do educando”, já no início do livro tem por meta uma postura de vigilância contra as práticas de desumanização e exige postura crítica frente à realidade constituída, a qual é delineada pela ética de mercado (pautada no estímulo ao individualismo e competitividade).
Nos primeiros capítulos do livro o autor defende a idéia de que ensinar não é apenas transmitir conhecimentos acumulados e sedimentados ao longo dos anos, e sim, ao ensinar, criar chances para que o educando possa produzir e construir seu conhecimento a partir das ferramentas fornecidas pelo educador. Estimula os educadores a reforçarem a capacidade crítica do educando, através da reflexão, pois sem esta ambos estarão fora da realidade. Ao mencionar que ensinar não é apenas transmitir conhecimentos é citado o “ensino bancário”, e que "esse tipo de ensino se caracteriza pela presença de um professor depositante e um aluno depositário da educação". De acordo com as idéias de Paulo Freire a educação não é neutra, e que resulta em liberdade ou dominação, caso de quem é educado.
Ao decorrer do livro (mais precisamente no segundo capítulo) o mestre Paulo Freire delineia e explora a busca continua pelo aperfeiçoamento das práticas educativas do educador, segundo ele, “é preciso ir mais além”. Afirma que o ser humano é inacabado e consciente desse fato sempre deve objetivar a busca do não comodismo. Deve haver esperança e otimismo com relação ao setor educacional.
Partindo do ponto de que é preciso ir mais além, os educadores (sejam críticos, progressistas ou conservadores) devem e necessitam de saberes comuns, independente de sua posição política. Os educadores precisam saber: a relação dosadora entre prática e teoria; a função em permitir seus alunos produzirem conhecimentos próprios e originais; a importância de que ao ensinar estamos igualmente apreendendo; que ensinar exige respeito ao saberes dos educandos; da liberdade de expressão do aluno e do professor, entre outros diversos e importantes saberes à prática educativa.
O autor da obra preconiza de forma eloqüente que toda teoria do professor deve ser coerente com suas práticas, bem como coesa. Ressalta a importância dessa postura e seu significado ao educando. Não adianta, por exemplo, o professor lecionar sobre a importância da coleta seletiva, se ele, na realidade, ignora e não colabora em seu lar na separação dos materiais. Já próximo ao final da obra, é citada a liberdade em sala de aula. Afirma o autor que o educando deve ser livre para se expressar e pensar, e o educador deve conduzir suas aulas no sentido de não inibir o descobrimento do aluno, o gosto pela curiosidade.
Sendo o educador um ser que goste de seu trabalho proporcionará ao seu aluno mais liberdade e permissão ao conhecimento. Ao mencionar que o educador tenha que gostar de seu trabalho, Paulo Freire, afirma que o educador deve estar ao lado de seus educandos, deve ter prazer em vê-lo descobrindo e aprendendo. É nesse sentido e ponto do livro que fala sobre a “vocação” do educador, que este apesar de ser remunerado de forma insatisfatória goza de seu trabalho e faz o possível para exercer sua profissão da melhor forma, atualizando-se, pensando e realizando melhorias no que pensa ser o correto. O educador deve levar ao educando de forma simples o conhecimento da realidade, o aproximando de sua realidade, dos objetos cognoscíveis.
O desfecho do livro entrelaça a necessidade de segurança do educador com relação ao seu conhecimento e autoridade. Segundo o autor, o educador deve demonstrar sua autoridade baseado em suas qualidades profissionais, a qual exigirá critérios como o comprometimento aos educandos. Para Freire, a pedagogia da autonomia deve ser conduzida no sentido de permitir ao aluno criar seu conhecimento, explorar novos caminhos e ter criticidade perante a realidade, sendo o educador primordialmente responsável pelo encaminhamento desses alunos nesse sentido. Assim o educador deve ter postura correta e apontar caminhos para que os alunos sigam em frente com sua forma de pensar e ação participativa na sociedade.